Uma das características mais marcantes da nossa espécie é a curiosidade. Ela é, basicamente, nosso interesse em novas informações. A categoria da informação varia muito, mas tenho percebido que é tendência global (e olha que aqui acabei conhecendo gente de TODO lugar do mundo mesmo…) o gosto por falar mal dos outros. Alguns consideram esse ato altamente desprezível; eu, que passo longe de moralista, vejo como um comportamento natural, que deve continuar pelo menos até passarmos dessa para uma melhor, pelo menos até a Singularidade Tecnológica. Eu me permito essa indulgência. Eu gosto de falar mal dos outros. Faço isso até para manter uma certa congruência: estou constantemente me criticando, diariamente usando meu eu interior para falar mal do Aléx (ou seria Álex?).
Meus avós maternos não são brasileiros. Cresci ouvindo menos coisas do que escutava. É claro que não sou idiota e entendia que, quando eles usavam russo, é porque queriam falar sobre algo ou alguém (mais provável) sem que o restante das pessoas entendesse. Mesmo assim, sempre achei isso meio bobo e, de certa forma, falta de educação.
A gente cresce, e aparece. Ou melhor, desaparece. Que vá para o espaço a boa maneira. Falar mal dos outros, pelas costas, em língua que todo mundo entende é para amadores. Saber um idioma que a grande parte de um grupo não compartilha, ah, isso sim é mágico; é de fazer cair o queixo, é acessar uma quarta dimensão. Para quem gosta de humor negro e para quem adora brincar com as palavras, é um pecado irresistível. Não tem jeito, algumas piadas tem prazo de validade curtíssimo; algumas zoações só funcionam quando o outro pode só escutar, quando o outro não – e vamos torcer para esse não virar nunca – terá acesso à tradução.
Da experiência aqui nos EUA, uma coisa é certa: o Português falou mal dos quatro cantos do mundo. E o Álex, ah, tenham certeza que ficou com a orelha ardendo em, pelo menos, Bahasa, Urdu, Árabe, Turco e Coreano!