Café, porque essa foi a única maneira de suportar as últimas semanas. Diabos, como elas foram corridas! Sou bom em me concentrar em uma tarefa específica, mas ter centenas de obrigações diferentes ao mesmo tempo é algo que me estressa muito. Com o programa chegando ao fim, as demandas da bolsa e do college recebem o reforço das horas de trabalho voluntário (ainda faltam 28 para eu fazer!) e do estágio (estou fazendo aqui na prefeitura de Champaign, no departamento de TI; o trabalho é bem simples, mas é interessante ver o funcionamento do governo americano tão de perto).
Café, porque essa semana deixei de dormir – por causa do café que bebi e para escrever sobre o café na cultura brasileira. Eu e o Fábio Andrade estamos fazendo uma aula de redação esse semestre e, para a última quarta-feira, tivemos que escrever uma redação de mais de 1000 palavras sobre alguma planta importante na nossa cultura. Foi cansativo, mas aprendi bastante sobre a história do café e descobri a sacanagem que foi o contrabando das primeiras sementes da planta para o nosso país.
A sacanagem não foi minha, mas sim obra do Francisco de Melho Palheta. Abaixo, trecho traduzido (por mim) do excelente livro Uncommon Grounds: The History of Coffee and How it Transformed Our World (Diferentes Solos: A história do café e como ele transformou nosso mundo [tradução minha]) de Mark Pendergrast:
Então, em 1727, um mini-drama levou à fatídica introdução do café no Brasil. Para resolver um conflito fronteiriço, os governantes da França e da Guiana Holandesa pediram a um oficial Português-Brasileiro neutro, chamado Francisco de Melho Plalheta, que julgasse a disputa. Ele rapidamente concordou, esperando conseguir de alguma maneira contrabandear sementes de café, já que nenhum dos governantes iria autorizar a exportação das sementes para o Brasil. O mediador negociou com sucesso uma solução harmônica e secretamente levou para a cama a esposa do governante francês. Durante a despedida de Palheta, ela o presenteou com um buquê, que tinha frutos maduros de café disfarçados em seu interior. Palheta plantou as sementes em seu território natal do Pará, de onde o café gradualmente foi se difundindo para o sul.
Salve Francisco de Melho Palheta!
Quando li isso – as 4 da manhã – só pude sorrir e entender a passagem como nenhum americano conseguiria. Eu sei que as coisas no Brasil são assim e – pelo jeito – desde o começo. O que Palheta fez foi imoral. Mesmo assim, foi uma jogada de gênio. Tenho que confessar que bateu uma admiração em mim por esse português filho da mãe… Trouxe a planta que moldaria o futuro do nosso país e ainda traçou a mulher do Francês. Imoral, mas gênio.
Para aqueles que tiverem um bom inglês – e quiserem saber mais sobre café – vocês podem acessar o texto que escrevi clicando aqui.
Quando tomarem o próximo cafézinho, não se esqueçam de saudar o Palheta!
Até breve!
Muito bem abordado, parabéns.
Abraços.
Obrigado =)